Boa tarde meninas e meninos!
Semana passada aconteceu a Terceira Edição da Semana de Moda de Curitiba - LABmoda, um evento que uniu profissionais da área da moda e profissionais que estão interligados a ela de alguma forma.
LABmoda englobou toda a cadeia produtiva, desde a confecção até o consumidor final em um modelo diferenciado de estratégia mercadológica.
Desfilaram aproximadamente 50 estilistas. Um evento multicultural que contou com apresentações artísticas de dança, música e performances cênicas, artes que fazem fronteira com a moda.
O palco desse evento contou com a FNAC e o Museu Oscar Niemeyer.
Procuramos Júnior Gabardo, Diretor Criativo da Semana de Moda de Curitiba, para nos contar um pouquinho mais sobre essa iniciativa de sucesso.
Poá: Júnior, para começar, gostaríamos de saber como
surgiu a sua relação com a moda, e como foi sua trajetória até aqui?
JG: Eu fazia faculdade de administração em
1990 na UFPr e queria ter uma empresa própria, como eu gostava de roupas,
decidi que seria na área de moda mas o conhecimento técnico sobre o assunto era
nulo então tive que ir atrás e aprender tudo na base do erro e do acerto. Depois
de algum tempo montei a SEXXES, marca que sou proprietário até hoje.
Poá: Como surgiu a Semana de Moda de Curitiba - que
está na sua terceira edição e já é considerada um sucesso - e qual o objetivo
principal do projeto?
JG: Surgiu de um bate papo no face book, uma
coisa meio inconsequente, daí fizemos um desfile na rua, montamos um filme e
fizemos uma festa. Achamos uma identidade que caberia e fomos em frente. Os
designers que estavam conosco nessa época ainda são os mesmos que desfilam na
passarela1.
O objetivo do evento é formar uma plataforma
cultural e comercial para a moda local. Acredito que nesta terceira edição isso
ficou muito nítido com a inclusão das artes que fazem convergência com a moda.
Poá: O Brasil
nunca esteve tão em foco quanto atualmente. Em evidência a nível global, é
assunto tanto no esporte, quanto na arte, na culinária ou no ramo da moda. O
Paraná, caracterizado como um estado de economia essencialmente agrícola, há
alguns anos experimenta o crescimento de setores que modificam essa identidade.
A aposta de empresários na indústria têxtil paranaense contribui na
consolidação de um promissor pólo de moda. Na sua opinião, o que falta para
sermos reconhecidos?
JG: Acho que grande parte do investimento foi orientado para o setor
produtivo, que notoriamente não cria nem agrega valor a um produto de moda.
Isso não contribui muito para que o estado fosse visto como criador, ficamos
emperrados na questão produtiva o que não foi bom. Paralelamente a isso, muitos
designers foram formados e não podiam ocupar uma posição no mercado pois, o
mesmo, encontrava-se concentrado na produção e não entendia a linguagem que
vinha das faculdades. Acredito que faltam ainda alguns itens na cadeia para que
o circulo se feche, ter eventos é bom para os designers mas os eventos devem
ser sustentáveis para não se tornarem cabides de emprego de poucos. Precisamos
de outros elos, como gestão, temos que fazer mais vendas e ir atrás dos mercados
ao invés de ficarmos passivos esperando um cliente que jamais virá. Acredito
que existem “atores” desempenhando papéis errados e subvertendo a lógica de
mercado e isso é um atraso para todos.
Poá: Alguns críticos
afirmam que o Paraná tem fábricas e consumidor para o mercado têxtil, mas que
ainda nos falta descobrir o perfil, a “cara” da moda do estado. O projeto da Semana de Moda de Curitiba reúne jovens designers,
estilistas, fotógrafos, maquiadores. Essa oportunidade se trata de um incentivo
aos talentos locais em busca desse perfil da moda regional?
JG: Não, nós não acreditamos em moda local num
mundo conectado. Acreditamos que o mercado se tornou global e que isso
dificulta as coisas em termos locais. Acreditamos que as pessoas sabem que o
consumo local é parte da sustentabilidade e que temos bons produtos para
competir com qualquer um. Acreditamos numa competição saudável e não culpamos a
China por nossas deficiências, aliás, seria uma boa se tivéssemos um fornecedor
chinês. O valor de um produto de moda jamais vai se concentrar na produção, ele
está no simbolismo, na experiência que o consumidor têm com esse produto e nas
questões emocionais e culturais. Não dá
mais pra ficar preso a uma cultura local de produtos mas sim a uma leitura
global com respeito às culturas locais. Acreditamos nisso e temos tido sucesso
com essa ideia.
Poá: Além da participação
de profissionais que, de alguma forma, têm interligação com a Indústria da moda,
o projeto contou também com apresentações artísticas de dança, música,
performances cênicas e artes, deixando o projeto multicultural. Você pode nos
explicar um pouco melhor esse misto de manifestações e o que achou do resultado
final?
JG: Eu estava buscando uma identidade para o evento. Não queria copiar os
outros eventos porque ninguém mais precisa de um evento nos moldes dos que já
existem por aí. Então, como tínhamos no grupo que iniciou o projetos alguns
fotógrafos, eu ficava pensando numa forma em que eles também fossem
reconhecidos como artistas no mundo da moda e não apenas como coadjuvantes dos
designers. Bem, isso tudo me levou a um processo onde comecei a pensar também
nos outros profissionais que trabalham com moda como escritores, figurinistas
de teatro, de cinema, o pessoal da música que tem seus figurinos para
apresentações etc. Então foi uma evolução natural, vimos as convergências que a
moda tem com estes eixos de cultura e resolvemos que iríamos dar o mesmo grau
de atenção que damos para os designers. Então o evento se fechou em torno da
moda. Tivemos artes cênicas com linguagem de moda, tivemos o pré-lançamento de
um livro de moda que está sendo escrito aqui em Curitiba, tivemos bandas de
música que dão atenção ao figurino, tivemos dança e artes visuais. E acho que
ficou um formato incrível, ficou sincero, não é uma cópia. É um evento
autentico, não há nada assim por aí.
Poá: A revista LABmoda , 2ª.
Edição, produzida pela Pulp Idéias e Conteúdo, além de trazer para o público a
programação da semana de moda, nos dá dicas, fala sobre tendências e mercado. Existe
alguma intenção de que esse projeto se torne um periódico do mercado da moda
Paranaense?
JG: Existe e vai se tornar. O projeto está crescendo, estamos aprendendo a
lidar com isso. Mas já é um projeto rentável e que cobre um buraco enorme que
estava aberto e deixava a cultura local refém de outras publicações. Tudo que
fazemos na LABmoda tem acima de tudo que se sustentar financeiramente. Não dá
pra depender de verbas institucionais porque isso fragiliza o evento. Os
patrocinadores querem eventos fortes, agressivos e sustentáveis e nós estamos
nesse nível por isso temos excelentes patrocinadores.
Poá: Você acredita que a
presença da atriz global Adriana Birolli na Semana de Moda de Curitiba - que prestigiou
o desfile da grife Garota Chic , de sua irmã Letícia Birolli - fortalece a
imagem nacional do projeto?
JG: Eu acho que inicialmente ela é importante para a Garota Chic. O mérito
foi todo da marca que trouxe a atriz para prestigiá-la. Agora, é claro que a
moda por si só já depende de glamour e a presença da Adriana no evento soma de
forma significativa. Não sou muito fã de artistas na passarela e no meu
entendimento a Garota Chic mostrou profissionalismo ao trazer a Adriana apenas
para assistir, sem interferir no show. Foi muito chic, muito garota
chic....srrsrsr
Poá:
Para finalizar, você
pode nos contar um pouquinho sobre seus projetos futuros?
JG: Bem, eu sou um cara
inquieto. Não fico parado por nada. Tenho minha empresa, dou aulas em duas
faculdades, faço rádio de moda e trabalho com projetos culturais. Sou um
viciado em trabalho.
Tenho dois projetos
fora da área de moda, um de música e outro educacional que esse ano devem sair
do papel.
Parabéns pela iniciativa, Júnior Gabardo!
A Poá deseja a você e toda a equipe da Semana de moda de Curitiba muita sorte, sucesso e que o projeto se fortaleça a cada ano.
Obrigada pela atenção,
Um grande Beijo,
Poá!